Bisa Bia, Bisa Bel
Ilustrador: Mariana Newlands
Editora: Salamandra
80 páginas
Sinopse: A menina Bel encontra um dia uma foto de sua bisavó Bel, entre as coisas de sua mãe. A partir daí, ela inicia uma relação de muitas descobertas com essa pessoa tão importante na vida de sua família e na da própria. Até que surge uma menina inesperada. Uma relação de amizade e troca, capaz de emocionar a todos.
Três gerações encontram-se com sensibilidade e poesia nesta verdadeira obra-prima de Ana Maria Machado.
O livro Bisa Bia, Bisa Bel foi publicado originalmente em 1982, e desde então foram mais de 500 mil exemplares vendidos, além de um rol de prêmios, entre eles o Maioridade Crefisul (1981), o Bienal São Paulo de melhor livro infantil do biênio (1984) e o merecido lugar na Lista de Honra do IBBY (1984).
Tive uma ligação quase que "transcendental" com esse livro sou movida a histórias não resolvidas e saudades que vem do nada... Risquei a palavra saudade do meu vocabulário mas esse ano de 2015 essas "saudades" viram a tona com um turbilhão de memórias... Acredito que os livros nos encontram no momento certo. E depois de várias indicações (Ana Luísa Bussular do Blog Minha vida como ela é... e Revista da Livraria Catarinense) encontrei essa edição na biblioteca da faculdade na qual dividimos com uma escola...
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Morrendo literalmente de amores... |
Durante
uma das arrumações de sua mãe, Isabel toma contato com o passado, por meio dos
objetos e fotografias que as duas encontram numa antiga caixinha de madeira.
Uma das fotos era da mãe, o que já inquieta bastante a menina.
“Eu olhava para minha mãe e para o retrato da menina, achava meio gozado aquilo, minha mãe criança, brincando no galho de um camelo, pensando em balão d’água. E era meio esquisito, ela grande ali na minha frente, sentada no chão, explicando as coisas” (p. 8).
Mas
as coisas se complicam mesmo quando ela se depara com o retrato de sua bisavó,
Beatriz. Para surpresa de Isabel, ao tentar colocar a foto no bolso, ela começa
a ouvir uma voz – este foi o começo das longas conversas que teria com Bisa
Bia, que passaria então a acompanhar a menina na escola e nas brincadeiras,
sempre dando conselhos e opiniões, e deixando-a às vezes em situações
embaraçosas com os colegas. Mas, afinal,
“Como é que eu podia explicar (…) que Bisa Bia estava existindo agora para mim?”
A
história é contada pela própria Isabel, em primeira pessoa, num tom espontâneo
que reproduz bem o fluxo do pensamento da protagonista, com leveza e alguns
toques de humor, mas com uma delicadeza e ingenuidade capaz de levar às
lágrimas o leitor mais sensível. A curiosidade e o estranhamento marcam os
títulos dos capítulos – “Pastel bochechuda”, “Tatuagem transparente”, “Trança
de gente” – e nos fazem tentar antecipar os acontecimentos.
Bisa
Bia, a voz da tradição e de um outro modelo de feminilidade, não apreciava
as brincadeiras “de menino” de Isabel, que não eram coisa de mocinha bonita e
bem-comportada. Mas, apesar das censuras, o contato com Bisa Bia faz com que a
menina conheça coisas de um tempo que já passou – toucador, baba-de-moça –, e a
autora faz dessas pequenas descobertas um elemento interessante que apela para
a curiosidade e passa longe de um aprendizado puro e simples. Contrapondo-se a
Bisa Bia, surge então, num momento-chave para a personagem, Neta Beta, uma
outra voz que começa a se intrometer nas conversas apresentando um ponto de
vista bastante diferente.
As
duas vozes, de Bisa Bia e Neta Beta, acabam fazendo com que Isabel encontre um
meio-termo entre as duas maneiras de ser menina e mulher. Nas palavras dela,
“Impossível saber sempre qual o palpite melhor. Mesmo quando eu acho que minha bisneta é que está certa, às vezes meu coração ainda quer-porque-quer fazer as coisas que minha bisavó palpita, cutum-cutum-cutum, com ele… Mas também tem horas em que, apesar de saber que é tão mais fácil seguir os conselhos de Bisa Bia, e que nesse caso todos vão ficar tão contentes com o meu bom comportamento de mocinha, tenho uma gana lá de dentro me empurrando para seguir Neta Beta, lutar com o mundo, mesmo sabendo que ainda vão se passar muitas décadas até alguém me entender. Mas eu já estou me entendendo um pouco – e às vezes isto me basta.” (p. 53)
Este
trecho é um exemplo marcante de como Ana Maria Machado encontra-se em harmonia
com os sentimentos da pequena leitora, afinal a maioria das meninas, na
infância, fica insegura sobre como se comportar, sobretudo diante dos meninos.
Ilustração
e projeto gráfico estão em sintonia, e remetem ao próprio clima da narrativa.
Suaves e delicadas, parecendo feitas a lápis, em preto de branco, remetem ao
passado e à tradição, favorecendo uma apreciação reflexiva do que se vê e lê.
As ilustrações, premiadas com o Jabuti em 1984, retratam cenas atuais da
personagem, mas também objetos da época de sua bisavó que povoam o imaginário
da menina.
O
desfecho é emocionante e surpreendente, e a protagonista descobre por si mesma
que as três – Isabel, Bisa Bia e Neta Beta – juntas são invencíveis.
Sou apaixonada com esse livro <3 Tão fofinho e de fácil leitura.
ResponderExcluirLembro que esse foi um dos primeiros livros que li na vida. Na época da escola eu sofria muito com bronquite e com isso acabava trocando as aulas de ed. física pela biblioteca da escola e esse foi um dos primeiros que li. Lembro do nome até hoje :)
ResponderExcluirBateu nostalgia agora hahahah
beijo
http://apenasimagine.com.br
Simplesmente amo esse livro, também foi um dos primeiros que li e eu era bem novinha.
ResponderExcluirAmo esse livro!!! Lia sempre quando era criança <3
ResponderExcluirNossa, tem tempos que eu quero ler esse livro :o Parece ser perfeito :D Adorei a resenha <3
ResponderExcluirtenho 10 anos e vou ter prova desse livro e gostei muito
ResponderExcluir😁😁
EU TBM
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