28 de dezembro de 2017

Retrospectiva de 2017: Novelas do ano



Ano passado, a minha retrospectiva foi a amiga aqui tagarelando bastante sobre os livros, filmes, séries e músicas que eu ouvi durante o ano. Funcionou tanto que eu gostaria de tagarelar mais sobre esse ano de 2017.
O primeiro semestre de 2017 continuou sendo meses estranhos... Com a programação do canal aberto do ano passado. O ano de 2016 foi um ano tão estranho que tive uma dificuldade extrema de elencar tudo que assisti ao longo daqueles 12 meses. Nesse ano, a Retrospectiva Teledramaturgica vai ser a amiga aqui,"escrevendo pelos cotovelos" tentando resgatar o que andei assistindo de bacana, incluindo novelas, séries e miniséries...


Sol nascente: Muito diferentes no jeito de ser e no modo de encarar a vida, Mário (Bruno Gagliasso) e Alice (Giovanna Antonelli) cresceram juntos, já que suas famílias sempre foram bem próximas. Uma amizade que começou há mais de cinquenta anos entre o japonês Kazuo Tanaka (Luis Melo), pai de criação de Alice, e os italianos Gaetano de Angeli (Francisco Cuoco) e Geppina (Aracy Balabanian), pais de Vittorio (Marcello Novaes) e avós de Mário, Milena (Giovanna Lancellotti), e Peppino (João Côrtes). Apesar das diferenças culturais, os dois clãs se ajudaram muito na chegada ao Brasil e ao longo da vida que estabeleceram na fictícia Arraial do Sol Nascente, sofisticada cidade turística cercada por praias paradisíacas.


O publico noveleiro espera que a novela atual seja tão boa quanto a novela anterior. Eta Mundo Bom!, tida como fenômeno para os padrões atuais. 

A novela sol nascente, estreou sob uma polêmica que gerou uma propaganda negativa para a novela: a escolha do ator Luís Mello para interpretar o japonês Tanaka fez com que a produção fosse acusada de yellow-facing (uma correlação do black-facing, em que atores brancos se pintam para viver personagens negros). No caso, um ator branco (mestiço na realidade, já que Luís Mello ascende de indígenas) que se caracteriza de asiático. Pegou mal e a novela teve que justificar várias vezes no texto que Tanaka era filho de um japonês com uma americana. A novela, patinou em uma trama mal alinhavada e preguiçosa, num texto piegas. Na ausência de um fio condutor consistente, a trama reuniu, sem a menor cerimônia e sutileza, um amontoado de estereótipos humanos em clichês novelísticas: a família italiana, a família japonesa, motoqueiros tatuados e um núcleo de pescadores caiçaras em personagens pouco atraentes, fomos obrigados ao longo da trama achar que a Giovanna Antonelli e Bruno Gagliasso seriam um par romântico... 

Finalmente, a partir de janeiro de 2017, ficou claro para o público do que se tratava a história: uma vingança de Dona Sinhá contra Tanaka. As tramas paralelas também ganharam força, o que ajudou a encorpar a novela. E a audiência subiu. Faltando pouco mais de dois meses para acabar, Sol Nascente disse a que veio. Mas tudo isso ao custo de um amontoado de clichês. 

Rock Story: Gui Santiago (Vladimir Brichta) e Diana (Alinne Moraes) vivem uma relação bem conturbada, com muitas brigas, mas também com muito amor. Ele é um roqueiro de personalidade forte; ela é uma mulher controladora e que faz de tudo para conquistar o que quer. 


A diretora artística da Som Discos, a gravadora de sua família, ama o marido, mas está cansada de suas atitudes inconsequentes e acredita que Chiara (Lara Cariello), filha do casal, pode ser influenciada pelo pai. A gota d’água para Diana é o barraco que Gui faz quando invade o show de Léo Régis (Rafael Vitti), o ídolo da música romântica, e bate no rapaz. Chiara, que é fã do cantor, fica chocada com a atitude do pai e deixa a mãe bem preocupada. O roqueiro tenta se explicar, garantindo que Léo roubou a música ‘Sonha Comigo’, que ele tinha feito para a esposa. Mas Diana não acredita na história e, junto com a filha, vai morar na casa do pai, Gordo (Herson Capri), o dono da Som Discos, abandonando de vez o marido.


Rock Story não inovou nada, tampouco reinventou a roda, nem foi a primeira novela musical – é a prima mais próxima de Cheias de Charme (2012). Pelo contrário, como toda e qualquer novela, apropriou-se amplamente dos esgarçados clichês do folhetim. Só que a forma original com a qual eles foram trabalhados fizeram soar como novidade. A originalidade nessa abordagem esteve no protagonista Gui Santiago (Vladimir Brichta), roqueiro decadente, briguento, ansioso e errado. A novela começou quebrando o maniqueísmo dos mocinhos virtuosos. Ao longo da trama, Gui cresceu com sua banda e cresceu internamente, o que o fez controlar o seu lado negro, inerente a todo ser humano.



A boyband 4.4 tinha em seu repertório canções que marcaram as últimas décadas, num arranjo atualizado. Sucessos de Cazuza, Barão Vermelho, Legião Urbana, entre outros, compunham o setlist da banda. A seleção dos jovens atores-cantores integrantes da 4.4 durou dois meses. Nicolas Prattes (Zac), João Vitor Silva (Tom), Maicon Rodrigues (JF), Danilo Mesquita (Nicolau) e Enzo Romani (Jailson) fizeram testes com a produção do elenco, além de tocar instrumentos e cantar.

Os recursos dramáticos usados pela autora oscilaram entre os originais (e até ousados) e os clichês batidos. Dois exemplos positivos. Os jovens casaizinhos românticos, alicerces de toda novela, demoraram para aparecer. O primeiro shipping (torcida por casal) só aconteceu lá pela metade da trama: Zac e Yasmin (Nicolas Prattes e Marina Moschen). Outro: a gêmea má – Lorena (Nathalia Dill) -, que geralmente carrega a história nas costas, era menos importante, tanto que não gerou empatia com o público e (desde a sinopse) morreu bem antes do final.

Enquanto telespectadora eu adorei o "universo musical" que rondava a todo o nucleo dos personagens da trama a cereja do bolo fo quando o Gui Santiago retornou a carreira cantando a musica "Paula e Bebeto" junto com o cantor Miltom Nascimento.


A lei do amor: Pedro (Chay Suede) é filho de um rico e ambicioso empresário do ramo da tecelagem, Fausto Leitão (Tarcísio Meira). Helô (Isabelle Drummond) é uma moça pobre que luta para sustentar a mãe Cândida (Denise Fraga), que sofre com uma doença terminal, e o pai, Jorge (Daniel Ribeiro), alcoólatra e desempregado. O acaso permite que os dois se cruzem, mas é o amor que surge entre eles que determina esta história... O rompimento acaba afastando Pedro da cidade e ele passa a viver sozinho em seu veleiro, fora do Brasil... Vinte anos depois, Pedro (Reynaldo Gianecchini) volta para sua cidade natal a pedido de seu pai. Fausto quer lhe revelar um grande segredo no dia de sua festa de aniversário. O que representa também uma oportunidade de rever Helô (Cláudia Abreu), que está casada com o poderoso empresário Tião Bezerra (José Mayer), com dois filhos e não tem ideia das armações que a separaram de seu grande amor.


O prêmio de "Manoel Carlos do ano" vai para Maria Adelaide Amaral. A novela A lei do amor prometia ser um “novelão tradicional”. Porém, acabou amargando o segundo pior Ibope da história das novelas das nove da Globo, com uma média final de 27 pontos na Grande São Paulo. O ator José Mayer, levou a sério demais o personagem machista e garanhão. Foi acusado de assédio pela camareira, e desde então está na geladeira da globo... A garota mimada com cancer que usava a doença para segurar o namorado, também é um personagem bastante batido na teledramaturgia... O tema da novela se mostrou pesado para o horario e eu não estava muito bem... Esse era o horário que eu chegava em casa e gostaria de ver algo mais leve na programação da TV. 

Carinha de anjo: A cidade de Doce Horizonte une de um lado os jovens antenados da era digital e empresários do centro urbano, e do outro os moradores de uma propriedade rural. Duas realidades que fazem parte do dia-a-dia de Dulce Maria (Lorena Queiroz), garotinha carismática e sapeca, carinhosamente chamada pela mãe de Carinha de Anjo. Ela é filha única de Gustavo Lários (Carlo Porto), bem-sucedido empresário da cafeicultura brasileira, e da mexicana Tereza (Lucero), mãe acolhedora de sábios conselhos e voz adorável, que faleceu num acidente quando Dulce Maria tinha apenas três anos. Traumatizado com a tragédia, Gustavo deixou a filha em um colégio interno católico rural e mudou-se para a Espanha. Durante dois anos, viveu isolado da família.


A história começa quando Gustavo resolve voltar para Doce Horizonte e mostrar que cometeu um erro ao se afastar da filha. Recuperado da depressão após a morte de Tereza, ele retorna determinado a reconstruir a vida ao lado de Dulce Maria. Mas ele não volta sozinho. Nicole (Dani Gondim), a nova namorada, esbanja beleza, porém nenhuma vocação para a maternidade. O que o empresário não sabe é que Nicole só está interessada no status e dinheiro que pode ter se casando com ele. 

A minha infância dos anos 90 teve muitas novelas Mexicanas/Argentinas para o publico infantil no canal do SBT. Quando começou surgir os primeiros remakes dessas novelas eu fiquei como uma pontinha de curiosidade e nostalgia em poder conferir a nova roupagem das novelas preferidas da minha infância. 


Adaptação da novela mexicana Carita de Ángel, produzida pela Televisa entre 2000 e 2001 e exibida no Brasil, pelo SBT, entre 2001 e 2002 – que, por sua vez, é uma adaptação do original argentino Papá Corazón, de Abel Santa Cruz, que ganhou uma versão brasileira pela TV Tupi, Papai Coração, em 1976, com Narjara Turetta como a menina protagonista.

As tramas da atual Carinha de Anjo e de Papai Coração são as mesmas: a menina (Narjara Turetta/Lorena Queiroz) que conversa com a mãe falecida (Arlete Montenegro/Lucero), cujo pai (Paulo Goulart/Carlo Porto) está de casamento marcado com outra mulher (Joana Fomm/Dani Gondin) mas se apaixona por uma noviça professora da garotinha (Selma Egrei/Bia Arantes).“Carinha de Anjo é uma novela doce, emocionante, divertida e musical. Crianças e adultos vão se divertir com as aventuras de Dulce Maria e se identificar com as novas famílias que integram essa versão da novela”, afirmou a adaptadora Leonor Corrêa sobre a primeira telenovela de sua carreira.



A força do querer: O advogado Caio (Rodrigo Lombardi) largou a possibilidade de administrar uma grande empresa no Brasil quando Bibi (Juliana Paes) terminou o relacionamento com ele. Sem olhar para trás, trocou o Rio de Janeiro pelos Estados Unidos. Passados quase quinze anos, ele entende que é momento de voltar e encarar o que deixou para trás. Um homem movido por ideais éticos, que, ao conseguir crescer e ter sucesso em um alto cargo ligado à Justiça, vive um grande conflito íntimo ao ver sua vida cruzar novamente com a de Bibi, que terá, então, enveredado pela vida do crime.



Sucesso de audiência e de crítica, A Força do Querer levantou a moral do horário nobre da Globo, alcançando audiências não vistas desde 2012, com Avenida Brasil. Mas não ficou imune às críticas, da interpretação de Fiuk – escalação infeliz de um ator sem estofo para um personagem tão importante – às acusações de apologia ao crime e glamurização da bandidagem – referência à trama da personagem Bibi Perigosa, de Juliana Paes.











A trajetória de Bibi é baseada na vida de Fabiana Escobar, que ficou conhecida como Bibi Perigosa, ex-mulher do traficante Saulo de Sá Silva – Saulo da Rocinha, o Rei do Pó -, preso desde 2008. Em 2014, ela publicou o livro “Perigosa” em que conta a sua história de amor e lealdade aos catorze anos em que passou casada com o criminoso. Fabiana Escobar apareceu no último capítulo da novela, no lançamento do livro escrito na trama por Bibi – na verdade o seu próprio livro.


A autora Glória Perez abordou a diversidade, de tolerância e das dificuldades de compreender e aceitar o que é diferente. E, através da saga de seus personagens, levantou discussões muito presentes no mundo contemporâneo, como a identidade de gênero.O mérito maior da novela foi a abordagem aos dramas dos transgêneros, através da personagem Ivana-Ivan (revelando a talentosa atriz Carol Duarte). Particularmente eu achei a Ivana-Ivan depois de assumir-se transexual mais inseguro do que quando estava descobrindo-se... Deixando o telespectador bastante confuso.

Glória foi sutil e extremamente feliz no seguimento da história, sem chocar o público e sem causar estardalhaço. Difundiu, explicou (foi didática na medida certa) e alertou sobre o preconceito, tendo o respaldo da direção e elenco. Como complemento e contraponto ao drama de Ivana, a figura de Nonato, que se assumia o travesti Elis Miranda, revelando o ator Silvero Pereira.












Alguns personagens foram perdendo a força no decorrer da trama... A atriz Bruna Linzmeyer por exemplo, começou com uma personagem forte Cibele uma mulher desconstruida que ao ser largada no seu próprio casamento foi a uma rave com o seu vestido de casamento gravando um video lacrador e amor próprio para virar a ex mulher estérica e abandonada que não deixava o ex noivo seguir a vida... No final, ela fez uma festa de casamento sem o noivo que não causou tanto quanto no inicio da trama.

Os dias eram assim: Rio de Janeiro, 1970. Renato Reis (Renato Góes) é um jovem médico, ético, idealista e apaixonado pelo trabalho. Salvar vidas é sua grande paixão. Ele conhece e se apaixona por Alice (Sophie Charlotte), garota rica, mas questionadora e libertária. O amor pela moça será mais forte do que a raiva que sente pelo pai dela, Arnaldo Sampaio Pereira (Antônio Calloni), um rico empreiteiro que financia um grupamento especial que persegue opositores da ditadura. Arnaldo está por trás da perseguição a Gustavo (Gabriel Leone), irmão de Renato, procurado por envolver-se na resistência à ditadura.


Os Dias Eram Assim foi a primeira novela a receber o nome de “supersérie”. O intuito foi diferenciar essas produções das novelas exibidas nos tradicionais horários das seis, sete e nove da noite. 

Nada de novo foi visto na "supersérie" a não ser uma trama batida, mal alinhavada, repleta de clichês e personagens maniqueístas.Curiosamente, apesar das falhas na trama e no texto, foi a novela das 23 horas com a média final de audiência (Ibope da Grande SP) mais alta desde que a faixa foi implantada, em 2011.


Os Dias Eram Assim foi originalmente concebida para ser uma novela das seis. Deslocada para um horário tardio, a trama ganhou uma abordagem mais condizente com a faixa e seu público. A supersérie abraçou temas polêmicos (a repressão do governo militar e os primeiros anos da AIDS) que, somados à roupagem bonita (fotografia, direção cinematográfica e trilha sonora de clássicos da MPB), serviram apenas para disfarçar uma trama central insuficiente para sustentar os cinco meses em que esteve no ar. Sobrou tempo e faltou originalidade. 


A bem da verdade, a história de Os Dias Eram Assim esgotou-se antes de sua metade, quando a mocinha Alice (Sophie Charlotte) descobriu que o amado Renato (Renato Góes) estava vivo. Até então, a novela seguiu com uma trama apoiada na abordagem política, com destaque para as cenas de tortura, bem dirigidas e interpretadas, envolvendo os personagens de Antônio Calloni, Marco Ricca, Gabriel Leone, Bárbara Reis e Mariana Lima. Com o avanço da história para o ano de 1984 e o fim do Regime Militar na trama, ficou o rame-rame do vilão enlouquecido Vitor (Daniel de Oliveira repetindo um tipo que já havia interpretado anteriormente) sedando a mocinha de Sophie Charlotte (três vezes!), enquanto o policial Amaral (Marco Ricca) tocava o terror com seus desafetos.
 

No inicio do ano de 2017, passamos por momentos politicos importantes... Essa teledramaturgia serviria como um documentário em formato de teledramaturgia. Porém, a a trama central cansou e restou a panfletagem política rasa em meio a imagens reais de arquivo que assassinaram a ordem cronológica dos fatos. A cronologia também foi abertamente ignorada na trilha sonora (tocou música de Legião Urbana nos anos 70 e de Chico Science nos 80, por exemplo).


Na segunda metade da trama, ganhou destaque a personagem Nanda (vivida por Júlia Dalávia), vítima da AIDS na época em que pouco se conhecia sobre a doença e o seu diagnóstico representava uma sentença de morte. Ainda que didática em várias ocasiões (como no discurso de Nanda para seus amigos sobre o perigo da nova doença), a abordagem emocionou e foi acertada – principalmente ao desassociar a AIDS dos homossexuais (primeiro grupo de risco reconhecido na época).


O título Os Dias Eram Assim é um verso da música Aos Nossos Filhos, o tema de abertura da supersérie, canção de Ivan Lins eternizada na voz de Elis Regina. A novidade é que a música na abertura é interpretada pelos protagonistas Sophie Charlotte, Renato Góes, Gabriel Leone, Daniel de Oliveira e Maria Casadevall. A ideia do diretor artístico, Carlos Araújo, foi apoiada pela parceria com os produtores musicais, Victor Pozas e Eduardo Queiroz.



Ps:As novelas: pega pega, tempo de amar e o outro lado do paraíso. Ainda estão no ar. Porém, irão entrar na retrospectiva de 2018.

  
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