“Quisera não ter visto….
meu dia não foi mais o mesmo.”
O que será que sonhava Aylan? Fazendo coro à David Coimbra: qual seu desenho predileto? Ainda, o que queria ser quando crescer? Qual seu brinquedinho preferido ou aquele que o protegia nas suas noites de sono? Pois toda criança tem um ursinho, lencinho, coberta para dormir. A Maria Alice, minha filha, 4 aninhos, tem uma Minie. O Roberto, meu menor, 1 ano e 9 meses, um Mickey.
E é neles que penso quando lembro da imagem de Aylan. Tão pequeno, tão pequeno…. indefeso, inocente, absorto a toda esta maldade humana, ainda com seus sonhos de criança, suas brincadeiras, seu riso, ah, o riso de uma criança é sinfonia, é como o canto dos anjos, vêm aos ouvidos e não há preocupação, estresse, tristeza que resista a esta arma infálivel: o gargalhar de uma criança. Penso que é o que Aylan devia estar fazendo enquanto ia até ao barco com sua família, rindo, sem noção do que acontecia, excitado pois ia passear de barco.
Hoje o mundo está mais triste, pois o riso de uma criança foi calado. Não mais irá aliviar o coração de um pai destroçado pela intolerância humana.
Penso na Maria Alice…penso no Roberto… ah, os risos deles…. ainda hoje, chegarei em casa e me receberão com eles, esganiçados, estridentes, felizes.
E quanto ao Aylan? Dorme aconchegado no colo de sua mãe, no céu, junto com o companheiro de peripécias, seu irmão.
Durma Aylan, durma.
Enquanto os povos de todo o planeta brigam por mais poder, dinheiro, tantos outros tentam fugir da sua pátria para tentar viver com dignidade, e os inocentes, os anjos voltam mais cedo para o céu, a imagem do bebê naquela praia me deixou um pouco catatônica em relação a um mundo melhor, com pessoas melhores. Olho para minhas duas filhas e a vontade é de guardar as duas em uma caixinha e não morrer só para tentar protegê-las. Infelizmente não foi a primeira nem última vítima da doença em que esse planetinha se encontra.
ResponderExcluiressa é uma das histórias que me engasgam, sabe Camy? eu ando relutando muito à falar sobre isso, porque me dilacera e eu fico descrente demais.
ResponderExcluirlindo teu texto. demais!