5 de agosto de 2016

BEDA #05: D. ROSA: E O PESO DA VIDA...

Hoje Facebook lembrou-me que Faz 1 ano que escrevi esse texto.
Sobre um momento emocionante que o estágio  de Psicologia 
me proporcionou a viver e sentir...


Eu estava cansada, Eram mais ou menos 13:00 horas e eu já estava no estágio na Pastoral em um dia a típico (naquela semana, teve GETEP na faculdade me impossibilitando de ir na quarta-feira que é o meu dia de estar na Pastoral.). Não estava tão entediada... mas, confesso que queria que chegasse as 17:00 horas rapidinho para finalmente ir para casa.

As minhas Sextas-feiras costumam ser os dias mais calmos da semana. Não tenho aula, então posso acordar mais tarde do que o costume e almoço em casa. No estágio, geralmente é calmo também... Os "perregues" maiores costumam ser no inicio da semana, e quando digo perrengues é o que estamos acostumadas a fazer na Pastoral: documentação, procura de emprego ou de informações.

Sentei na mesa ao lado e comecei a folhear alguns textos da faculdade daquela semana. Percebi um certo tumulto lá fora, mas não me interessei de ir olhar para ver oque estava acontecendo realmente. Derrepente eu ouvi um grito outras vozes indecifráveis no primeiro momento:

_Pelo amor de Deus! ajudem essa senhora... Ela diz que vai se matar!!!

Eu tive a sensação de ter dado um pulo! De tão rápido que andei em direção a porta... E ouvi outra vez alguém falar "ela vai se matar!" e fui em direção ao portão de entrada para a Pastoral e encontrei uma senhora de 70 anos com aproximadamente 1,40cm com uma aparência sofrida 

Ela estava sentada no canteiro de tijolinhos a vista. Sentei ao seu lado, e comecei a lhe ouvir:

_ Não aguento mais. Hoje sai de casa com esse pensamento: "Vou pedir ajuda, se ninguém me ajudar eu me mato...".

Sem chance de perguntar nada no inicio acabou me deixou sem resposta... Só me veio um pensamento: 1) Preciso entrar com essa senhora na paróquia 2) Ligar para "algum lugar" que possa dar essa assistência.

_Senhora, vamos entrar e conversar um pouco... 

Olhei a menina que trabalha comigo na Pastoral e pedi para ligar para o SAMU... 
A minha sorte, é que tinha uma sala "disponível" que é dos padres da paróquia tinha duas poltronas e aquilo acabou transformando em uma "sala de atendimento" ideal.

_ Ok, vamos conversar... O que aconteceu com a senhora?

_Eu quero me matar! Para acabar com essa tristeza e esse aperto no meu coração... Quando eu estou em casa veem esses pensamentos ruins.

_A senhora mora com quem?

_ Moro sozinha. Não tenho marido, nem filhos... Ninguém!

NINGUÉM Essa palavra veio com um "peso" direto pro estômago e acabou transformando-se em eco "Ninguém, ninguém, ninguém...." . 

_ A senhora mora aonde? Conhece algum vizinho que mora próximo a sua casa?

_ Moro no "Morro da Fumaça", os meu vizinhos já tem o problemas deles e o assunto gira em torno de drogas são drogados ou traficantes e morro de medo dessas coisas. Essa minha mão, - ela teve AVC sua mão ficou fechada impossibilitando-a de abrir e um dos seus pés são tortos deixando ela andando manca- os policiais uma vez me abordaram achando que era drogas que eu tinha nas mãos quase morri de tanta dor... 

_ Nossa... 

Virou para um lado da parede que tinha um crucifixo grudado na parede _ E u se que isso é pensamento do "inimigo" Deus não aceita essas coisas... Mas, as vezes eu me sinto vontade de matar alguém e até me matar... 

_ Quero ir embora menina. Vocês, não poderão me ajudar mesmo... - e, foi saindo da sala. - Já na porta. Tentei fazer a senhora mudar de ideia dizendo que já tinham chamado o SAMU e eles já estavam a caminho.

A senhora retornou a sala em que estávamos e sentou em uma das poltronas. Ofereci uma xícara de café, para ganhar um pouco mais tempo até a chegada do SAMU... E conversar um pouco mais

Depois de 1:30min, o SAMU chegou. O enfermeiro fez os primeiros exames na senhora: mediu a pressão, verificou a temperatura... Conversamos mais um pouco, e logo depois a ambulância levou a senhora para o IPQ e logo depois para a Colônia Santana. Mas, antes disso me deu um abraço bem forte e agradeceu: 

_Obrigado.Pela conversa e pelo cafezinho...











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2 comentários

  1. Puxa que triste...
    Todos os dias eu penso em como seria se eu ficasse velha e sozinha, sem ninguém que lembrasse de mim, sem amigos nada, um dia pensei em me matar e tem dias que ainda é difícil, tudo parece estar contra sabe? quando nem sua família pode te ajudar porque pensam tão diferente de você e porque não conseguem te entender ou ver sua doença...eles disfarçam, dizem que entendem que eu tenho depressão mas várias vezes dão indiretas, falam que eu não procuro emprego, que eu não me mexo, não faço por onde e por ai vai...
    Essa senhora deve ser muito sozinha também, da pena, tristeza e medo...
    Todo mundo praticamente que tem depressão é sozinho porque as pessoas em geral não querem alguém triste do seu lado, alguém que reclame, elas não entendem que muitas vezes tudo o que precisamos é de um pouco de afeto sabe, alguém que nos ouça, um abraço...
    Conheci uma amiga virtual recentemente que mostrou bem o que falo, ela se disse surpresa, porque no facebook pareço insegura e ansiosa mas pessoalmente me achou legal, simpatica e tals rsss enfim, o que sempre falo, nunca quando estou com alguém vou ficar reclamando, falando de problemas só se for muito amiga mesmo e só se der espaço pra isso porque todos temos problemas, quando estamos com amigos, juntos, é porque queremos compartilhar algo, sua companhia, rir, esquecer dos problemas, da vida, ser feliz mesmo que por um dia sabe..
    É triste esse relato, da medo de terminar assim eu bem sei...e não é a primeira que termina assim, tem tantas como ela, é triste e muito.

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  2. Acho que é bem por aí, doar um pouco de tempo pra quem precisa de palavras amigas e um pouco de carinho. Às vezes é tudo que alguém precisa na vida. Emocionante a história, assim a gente constrói um mundo mais bonito.
    Teve mais notícias dela?
    Beijos

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