20 de março de 2018

Nós não somos todas Marielle,


E este é o ponto.

Eu sei que dói, e quanto dói, ver alguém que partilhava dos mesmos ideais que a gente tendo a vida arrancada através tamanha violência. Alguém que buscava ser a porta voz da luta por um mundo mais justo, que abraçava diversas pautas que não eram apenas dela, sendo executada com tamanha certeza de impunidade.

Mas nós não somos todas Marielle.

Amigos e amigas minhas a conheceram, trabalharam junto com ela, estavam assistindo ao evento que ela participou um pouco antes de tudo que ocorreu, conversaram com ela, conheciam a família e minha vontade de abraçá-las não cabe em mim.

Mas nós não somos todas Marielle.

Sei que muitas compartilham do mesmo sentimento de nó na garganta, estômago embrulhado, impotência. Muitos choros, silêncios e gritos simbolizam esse lutos em diversas partes do Brasil e do mundo.

Mas nós não somos todas Marielle.

Marielle era uma mulher negra, ativista, vereadora, socióloga, que foi mãe adolescente, cresceu na Maré (um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro), casada com uma mulher e que defendia direitos LGBTI. Trazia em seu corpo, em seu coração e sua na garra muitas lutas com as quais nos identificamos e podemos até viver algumas na pele.

Mas nós não somos todas Marielle.

Muitos ativistas que têm composto a linha de frente na luta pelo direito das minorias no Brasil têm sido mortos e essa notícia não é de hoje. Muitas mulheres que ousam se insubordinar morrem com requintes de crueldade nesse país. Pessoas negras sofrem com o extermínio sob a benção do estado.

Mas nós não somos todas Marielle.

Esta mulher corajosa como foi, morreu exatamente por lutar para que pessoas negras, pobres, periféricas não sejam desumanizadas, tratadas com descaso e sejam vistas como os indivíduos que são. Morreu por ter sido quem foi, e lutado pelo que lutou e onde lutou.

Nós não somos todas Marielle.

E temos que ter isso em vista ao escolher as pautas pelas quais nos mobilizamos, ao olhar para o lado e observar quem são aqueles que se dizem companheiros de luta e ao reivindicar certos espaços. Os assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes simbolizam muito o momento pelo qual o Brasil e o Rio de Janeiro em especial estão passando, mas simbolizam mais ainda a força de um estado que não reconhece pessoas negras e pobres como passíveis de ter o mínimo de dignidade. Simbolizam a história de um país que foi construído com o suor, sangue e sobre os ossos de pessoas negras e indígenas que foram escravizadas.




Texto de Jussara Oliveira.

9 comentários

  1. O pior de tudo que até o momento não sabemos quem foi o responsável, infelizmente o Brasil tá se acabando com essa onda de corrupção e violência.

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  2. Um homicido que abalou o mundo inteiro.Triste realidade da nossa politica brasileira ,lastimável!Infelizmente ainda somos escravo de um sistema cruel.Ai que falsa liberdade!

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  3. É um fato que merece uma reflexão minunciosa pois ainda não sabemos o que ocorreu mas entrelinhas no entanto é uma perda de um ser humano.
    www.ronsondemorais.blogspot.como.br

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  4. Realmente, não somos todas Marielle. Mas não devemos deixar de lutar por isso, os culpados desse, e de tantos outros crimes terríveis, devem ser responsabilizados e pagar pelo que fizeram,

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  5. Nós não somos todas Marielle concordo plenamente!
    O aconteceu com ela fez com que o mundo parece para dar a notícia, afinal, embora nem todos sejam ela, muitos se identificavam com as suas causas e motivações.

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  6. O pior de tudo e que nao sabemos quem foi... e nao saberemos tão cedo, você acha que essas pessoas iram assumir? Hoje em dia e um risco lutad por algo, reivindicar por algo, ate pra lutar por seus direitos você corre um risco...

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  7. Oi Jussara!!
    Realmente, nós não somos todas Marielle, mas isso não nos impede de se identificar pelo o que ela lutava ou até mesmo de cobrar que justiça seja feita não só por ela, mas seu motorista.
    Eu gosto muito de debater o tema política, mas sempre dá confusão rs
    Bjs
    https://almde50tons.wordpress.com/

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  8. A morte de Marielle mexeu com o mundo inteiro. Muito triste a forma violenta que as pessoas usam para atingir os seus objetivos.

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  9. Que injustiça esse Brasil passa, pois pessoas como ela são mortas e até agora nada de uma resposta conclusiva de quem a matou. Ela sempre permanecerá viva em todas nós.

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