28 de março de 2022

Canção de Segunda: Esotérico, de Gilberto Gil.


Música é um dos assuntos que eu mais gosto de conversar. Segundo os amigos dos meus pais, eu tinha "bagagem musical" invejável para uma menina tão jovem... Sempre vinham indicar ou pediam indicação de alguma musica ou banda de uma geração anterior dos anos 80. 

Eu já tive blog falando sobre Músicafalecido Além do underground…). No inicio desse blog, eu criei uma coluna para falar de música o Canção de Segunda surgiu inicialmente para falar sobre as musicas que eu estava ouvindo naquela semana... Escrevi também um #diáriodechalaça com fotografias dos shows que eu já fui. 

Ultimamente, adoro ler as análises das letras e saber a história por trás de cada canção:


A música que tem me tocado muito ultimamente é Esotérico, de Gilberto Gil. A música Esotérico faz parte do álbum Um Banda Um, lançado em 1982. Composta pelo próprio Gil, a letra foi escrita na fase pós-exílio, em que o cantor estava sendo muito influenciado por ritmos jamaicanos. O Gilberto Gil é um cronista musical, ele retrata o cotidiano com leveza e ritmo, além de sempre trazer pitadas de espiritualidade, como fez em Esotérico.


  •  Esotérico - Gilberto Gil.


Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu pra você

O compositor flerta com o mistério apontando que, por mais que as relações afetivas possam ser complicadas, se um decide romper e abandonar o outro, novos mistérios surgirão.

Assim como estamos tentando compreender até hoje a complexidade da vida e de tudo o que se relaciona com o universo, estamos também aprendendo sobre o amor. Ainda somos crianças em relação a tudo que se refere às relações humanas.

Ele termina o verso reforçando que outras pessoas mais difíceis irão se esbarrar e gerar novos conflitos. Amar nunca será fácil enquanto nosso nível de consciência não evoluir.

Que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí

Neste verso, a letra sugere que somos todos iguais: somos esquisitos, somos seres difíceis que estamos ainda aprendendo sobre nós mesmos. Se nem nos conhecemos direito, como podemos compreender o outro?

Logo, também temos dificuldades para entender Deus, diz a letra, finalizando a estrofe dando um aviso que novos mistérios irão surgir sempre na vida.

Não adianta nem me abandonar
Nem ficar tão apaixonada, que nada
Que não sabe nadar
Que morre afogada por mim

A música finaliza falando sobre afetos, retorna ao abandono como sendo algo inútil e dá uma ideia que talvez o melhor caminho seria o do meio: nem acabar com tudo e nem ficar tão apaixonado para não morrer afogado de amores pelo outro.

Primeiro a gente aprende a se amar e depois compartilha algo saudável e, por que não divino, com o outro?

Esotérico fala sobre a complexidade do ser humano. Como ressaltou Gil, é uma tentativa de desmistificar e humanizar a categorização do esotérico como algo inatingível, colocando-o como inerente à nossa natureza, à complexidade de nosso afeto.


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